| O Sistema Financeiro Nacional (SFN) passa por uma grande  transformação, com novos atores desafiando a hegemonia dos bancos  tradicionais. Das 10 instituições financeiras com mais clientes no país,  quatro são instituições de pagamento, segundo dados do Banco Central do  Brasil, que já possui 330 fintechs abarcadas por sua regulamentação.  Quase o dobro do número de bancos, que somam 175 instituições.Números do crescimento A “ameaça” não vem apenas das fintechs. Enquanto os bancos fecharam  4.853 agências desde 2018, as cooperativas de crédito expandiram sua  presença física, abrindo 3.925 postos de atendimento neste mesmo  período.DesequilíbriosA participação das cooperativas nos lucros do sistema financeiro dobrou  de 3% para 6% entre 2013 e 2024. No mesmo período, a participação das  fintechs saiu de zero para 7%. Enquanto isso, a dos bancos caiu de 79%  para 69%. O número de cooperados já chega a 19,2 milhões de pessoas.
 “Ao analisarmos os produtos e serviços oferecidos pelos bancos, veremos  que são os mesmos, ou muito semelhantes do que os que são oferecidos  pelas cooperativas de crédito e pelas fintechs financeiras”, disse o  economista Gustavo Cavarzan, do Departamento Intersindical de  Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
 “No entanto, apesar de atuarem e oferecerem os mesmos produtos e  serviços que os bancos, as fintechs não registram seus CNPJs com CNAEs  (Classificação Nacional das Atividades Econômicas) bancárias. Elas têm  privilégios tributários e trabalhistas em relação aos bancos  tradicionais”, disse o economista do Dieese, ao observar que 61% dos  empregados do Nubank trabalham em empresas da holding que possuem CNPJs  de empresas não financeiras.Veja detalhes sobre as assimetrias
Assimetrias regulatórias: enquanto os bancos  enquadram-se no segmento S1 da regulação prudencial do Banco Central,  tendo que cumprir alinhamento total com as recomendações de Basiléia, as  fintechs estão no segmento S3, S4 e S5 com regras simplificadas e, em  alguns casos, facultativas para as recomendações de Basiléia e  gerenciamento de riscos, além de outras questões relacionadas à  transparência das informações, aceite e conhecimento dos clientes.
Assimetrias trabalhistas: As CNAEs discrepantes  fazem com que os trabalhadores de fintechs não estejam enquadrados na  categoria dos bancários ou dos financiários. Com isso, não deixam de ter  direito às respectivas Convenções Coletivas de Trabalho e à jornada de  trabalho diferenciada dos trabalhadores bancários. Além de menor  remuneração, também têm PLR e benefícios menores. A fragmentação também  fragiliza a representação sindical dos trabalhadores.
Assimetrias tributárias: INSS: Menor alíquota  patronal e em alguns casos CNAEs com desoneração da folha de pagamento;  CSLL: alíquota de 9% em comparação a 20% dos bancos; SAT: alíquota de 3%  para bancos e 1% para CNAEs de tecnologia; além disso, como os  trabalhadores das CNAEs não financeiras têm remuneração média inferior e  PLR inferior, as fintechs pagam menos IRPF e contribuem com valores  menores para Previdência e para o FGTS.Na minha fala, ajusta um pouco: começa falando que o capitalismo só tá  usando mais uma forma de explorar os trabalhadores, aumentando seus  lucros pagando menos aos trabalhadores. Um exemplo dessa exploração é o  Nubank, um banco gigante que é uma dessas Fintechs.
 Para a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo  Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, “as fintechs é só mais uma  forma que o capitalismo financeiro está usando para explorar os  trabalhadores e aumentar os lucros e um exemplo dessa exploração é o  Nubank, um banco gigante, que atua como uma fintech”.
 Juvandia defende que as fintechs que realizam os mesmos serviços dos  bancos devem ser enquadradas como tal e estarem sujeitas à mesma  tributação e normas regulatórias. “Estes privilégios das fintechs  impactam nesta nova reorganização empresarial no sistema financeiro e  causam prejuízos aos trabalhadores (que deixam de ter os direitos  garantidos pela Convenção Coletiva da categoria bancária e a proteção do  sindicato) e à sociedade, que perde em arrecadação de impostos, em  transparência na gestão de recursos, riscos nas operações e para o  sistema”, explicou.
 Cavarzan explicou que existem “assimetrias regulatórias, trabalhistas e  tributárias entre as fintechs e as instituições bancárias tradicionais,  que geram prejuízos para os trabalhadores e para a sociedade, uma vez  que afeta a arrecadação pública”.
 Fonte: CONTRAF |